Claudio Vieira – Claudemiro Luz – Seli Rosa
Localizado às margens do rio Araguaia, a 20 km da cidade de Aragarças, Goiás, o antigo Cemitério do Deixado, com mais de 120 anos de existência, foi oficialmente tombado como patrimônio histórico por meio da lei municipal n° 2.016 de junho de 2023 de autoria do vereador José Carlos Leão.
O tombamento reflete o reconhecimento da importância cultural, histórica e simbólica do local, que faz parte da memória coletiva da comunidade Aragarcense.
Esse ato de preservação garante que o antigo cemitério será protegido contra intervenções que possam comprometer sua integridade ou valor histórico, assegurando sua conservação para as futuras gerações.
O antigo Cemitério do Deixado é, agora, um marco que preserva a história local e homenageia as tradições e histórias das pessoas que ali foram sepultadas.
A finalidade do tombamento do Cemitério do Deixado foi pela conservação da integridade do bem acerca do qual houve um destacado interesse público pela proteção em razão de sua característica histórico-cultural, enfatizou Claudemiro Luz.
História:
Conforme registros históricos, a ocupação do Deixado iniciou-se em 1872, quando alguns garimpeiros do municio de Araguaiana, estado do Mato Grosso (IBGE) subiam o rio Araguaia em busca de locais favoráveis ao garimpo de diamantes encontrou a região, acima do encontro dos rios Garças e Araguaia.
No entanto esses garimpeiros não se assentaram, o que viria acontecer em grande número somente em 1912 quando o primeiro grupo de retirantes, composto majoritariamente de mulheres, chega a região. Fugindo das grandes secas, esses retirantes acabam vindo em grande número para região até 1929. Em sua maioria estavam próximo ao rio São Francisco, e majoritariamente pertenciam aos povoados/municípios de Santana dos Brejos, Rio das Éguas (hoje Correntina), Riachão, São Gonçalo (hoje Serra Dourada) e Bom Jesus da Lapa. Muitos destes locais, antigas fazendas de senhores de engenho ainda não foram localizadas. Segundo Dona Sinhá, a viagem não tinha um destino definido, era precária e muitos
morriam.
Durante a década de vinte a região do Deixado começa a receber um grande número de pessoas em busca de grandes diamantes e de uma melhor qualidade de vida, inclusive a família de Dona Sinhá que chega a região neste período. Em 1923, a riqueza e infraestrutura do povoado começa a se mudar com a construção de novos espaços de sociabilidade: praça central, Igreja, salão de festas, cemitério, no mínimo três bordéis, campo de futebol, pensão, casas de alvenaria para os mais abastados, barracos de pau a pique e barracos simples de palha de buriti, moradia da maioria da população. Na década de trinta a população aumenta, assim como o comércio e os serviços, seguindo o garimpo como a principal economia do Deixado.
Já em seu auge, na década de quarenta a região já possui uma pista de pouso para pequenos aviões um time de futebol, escola, hotéis, açougue, padaria. Segundo Francisco Brasileiro, autor da única monografia acadêmica realizada sobre a localidade, “curioso, porém, é de notar que nos garimpos do Alto Araguaia, há uma adiantada corutela ( povoação) situada as margens do grande rio com o nome de Deixado” ( Brasileiro, 1951, 252).
Após a fundação da cidade de Aragarças, muitos dos moradores desta região vão morar na recém-inaugurada cidade.