Ricardo Rogers – Barra do Garças
Em uma época de fronteiras inexploradas e desbravamento heroico, José Vieira Couto de Magalhães surge como um protagonista na história colonial do Brasil.
Em 1863, com apenas 26 anos, foi nomeado presidente da província de Goiás, onde sua paixão pela região e pelo potencial inexplorado do Rio Araguaia o tornaram uma figura marcante. Seu trabalho incluiu a liderança de iniciativas ambiciosas para transformar a navegação fluvial em um motor de desenvolvimento regional.
Ao assumir o comando de Goiás, Couto Magalhães encarou o Rio Araguaia como uma artéria vital que conectaria o Centro-Oeste com as demais províncias do Império. Em uma expedição exploratória pelo rio, ele elaborou um relatório visionário que detalhava as possibilidades de navegação e ocupação das margens. Para ele, o desenvolvimento econômico da região passava necessariamente pela integração com Mato Grosso e Pará, e a chave para essa integração estava nas águas do Araguaia.
Seu entusiasmo pela navegação a vapor o levou a ordenar o transporte de três navios em carros-de-boi do Rio Cuiabá até o Porto de Itacaiú, onde seriam montados. Era uma operação grandiosa, digna de sua ambição, mas também uma empreitada repleta de dificuldades. Embora os esforços para estabelecer uma rota de navegação estável não tivessem sucesso duradouro, as tentativas representaram uma coragem inovadora em tempos de recursos limitados e desafios logísticos formidáveis.
Presídios Militares
Sob o Decreto Imperial nº 750, de 1851, os presídios militares tinham funções multifacetadas: proteção militar, apoio à navegação, incentivo à colonização e catequese dos povos indígenas. Couto Magalhães, que também assumiu a presidência da província de Mato Grosso em 1866, supervisionou a construção e manutenção de presídios como Santa Leopoldina, Santa Izabel e Santa Maria. Esses postos militares, com suas capelas, quartéis, paióis e oficinas de lavoura, eram pontos de referência essenciais em uma vasta paisagem de isolamento.
Os presídios também funcionavam como pontos de registro para controlar o fluxo de pessoas e mercadorias. Entre os mais notáveis estava o Presídio de Ínsua, que foi transferido para o Porto Grande e tornou-se conhecido como o Registro do Araguaia, um marco na história da região.
O impulso dado por Couto de Magalhães para o desenvolvimento da região reverberou nas décadas seguintes.
Fundação da Barra-Goiana (Aragarças)
O município goiano surgiu como colônia agrícola em 1871, e se criou às margens do córrego do Areia. De acordo com levantamento feito pela historiadora, Zélia Diniz (In memoriam) a Colônia Macedina surgiu com objetivo de incentivar o plantio de grãos as margens do Araguaia, porém o que realmente seduziu os primeiros moradores da região foi a possibilidade de enriquecer no garimpo. À medida que o negócio ficava mais vantajoso, os garimpeiros deixaram o córrego do Areia e foram em direção ao rio Araguaia. Com o progresso se fazendo crescente, o povoado tornou-se distrito do município de Baliza em 05 de novembro de 1951, no qual suas terras se localizavam. Não demorou muito e foi o distrito elevado à categoria de município em 02 de outubro de 1953, desmembrando-se de Baliza, foi fundado a cidade de Aragarças.
