O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), manteve o uso de tornozeleira eletrônica dos desembargadores João Ferreira Filho e Sebastião de Moraes Filho, ambos do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). O ministro também manteve os dois magistrados afastados do cargo. Eles são investigados por um suposto esquema de venda de sentenças no âmbito do Poder Judiciário. O processo é sigiloso, mas a decisão foi divulgada pela própria Suprema Corte.
Embora tenha mantido o afastamento e o monitoramento, o ministro autorizou o desembargador Sebastião a voltar a ter contato com o filho e reduziu o bloqueio de suas contas. A publicação não menciona valores, mas descreve que o bloqueio atingia valores acima do estabelecido como parâmetro para garantia do juízo.
Os dois magistrados foram alvos da Operação Sisamnes, deflagrada pela Polícia Federal em 26 de novembro, que desarticulou um esquema de venda de sentenças no Poder Judiciário. O esquema foi descoberto durante perícia ao celular do advogado Roberto Zampieri, assassinado a tiros em dezembro do ano passado.
As conversas revelaram que o advogado usava de presentes e transferências para obter decisões judiciais favoráveis e ele, em casos defendidos por ele ou por outros advogados, de acordo com seu interesse.
A operação resultou na prisão do empresário e lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, que exercia papel de líder no esquema. Atualmente, ele se encontra preso na Penitenciária Central do Estado (PCE) e pediu pela revogação da prisão ou transferência de unidade. Porém, na mesma divulgação acerca dos desembargadores, o STF divulgou que o ministro negou o pedido de Andreson.
Zanin autorizou que o lobista volte a ter contato com sua esposa, a advogada Mirian Ribeiro Rodrigues de Mello Gonçalves, também alvo de busca e apreensão na operação, nos dias e horários de visitação.
Fonte: Tarley Carvalho/ Estadão MT