Por: Ricardo Rogers
A Venezuela se torna, mais uma vez, palco de uma encenação cuidadosamente orquestrada pelo ditador Nicolás Maduro. Com uma cerimônia de posse digna de um roteiro de teatro do absurdo, Maduro inicia seu terceiro mandato ilegítimo, reafirmando o que todos já sabem: a democracia na Venezuela é apenas uma fachada.
Desde junho passado, quando o regime realizou um simulacro de eleição, a farsa vem sendo construída com um cinismo que beira o descarado. Quase ninguém mais acredita que Maduro venceu qualquer coisa além de um concurso de manipulação política. Em retrospecto, sua trajetória é um manual de como transformar uma nação em refém de um regime.
Maduro consolidou sua posição usando as armas que conhece bem: fraude eleitoral, repressão e violência.
A permanência de Maduro não é apenas um problema interno. Sua rede de sustentação vai além das fronteiras venezuelanas, com pilares firmados no crime transnacional e no apoio estratégico de potências como China, Rússia e Irã. Enquanto esses países usam a Venezuela como ponto de apoio para desafiar os Estados Unidos e expandir sua influência, o povo venezuelano paga o preço.
Diferente de Cuba, que serviu como símbolo ideológico durante a Guerra Fria, a Venezuela tornou-se um epicentro de desordem. O regime chavista ampliou a violência na América Central, fortaleceu cartéis de drogas e transformou a região em um campo minado para a democracia.
Há quem acredite que Maduro terá o mesmo destino de ditadores como Bashar al-Assad, ou que será derrubado por pressão internacional. No entanto, a questão venezuelana é mais profunda. Derrubar Maduro não basta; é necessário desmontar todo o sistema que ele representa – uma rede criminosa sustentada por interesses globais.
Maduro nunca precisou vencer uma eleição. Ele só precisou continuar jogando um jogo no qual manipula as regras e desafia qualquer tentativa de controle externo ou interno. O que resta ao povo venezuelano é resistir e esperar que, um dia, as cortinas desse espetáculo grotesco se fechem definitivamente.
Foto: Foto: André Borges/EFE)