A Polícia Federal enviou uma manifestação ao STF (Supremo Tribunal Federal) na qual diz que identificou novos elementos de prova que ratificam a participação de Fábio Wajngarten na “atuação da organização criminosa” que desviou joias sauditas entregues por autoridades estrangeiras ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O ex-assessor da Presidência da República e atual advogado do ex-presidente negou qualquer tipo de envolvimento no caso.
“Em nenhuma hipótese há qualquer envolvimento de minha parte além do assessoramento técnico que desde o primeiro momento foi de depositar tudo junto ao TCU cumprindo à determinação da época, bem como responder às questões de mídia e comunicação. A espetacularização de atos formais e naturais nada mais é do que atestar a inocência de todos os envolvidos diante da tentativa vazia de buscar culpados onde sequer existam ilegalidades”, disse em nota.
Segundo a corporação, as evidências coletadas até o momento evidenciam ações para ocultar a real localização dos bens que foram a leilão, além de outros itens, e viabilizar a reintrodução de um kit saudita em território nacional.
A PF chegou a tal conclusão após analisar o celular de outro ex-assessor de Bolsonaro, Marcelo Câmara, e encontrar uma procuração não assinada em que o ex-presidente Bolsonaro indicava Wajngarten como representante em processos em tramitação no TCU (Tribunal de Contas da União).
O documento informava que o advogado teria poderes para “retirar e transportar, por quaisquer meios e por quaisquer rotas (inclusive internacionais)”.
“Chama a atenção que o documento ressalta a possibilidade de utilização de rotas internacionais para proceder à devolução das joias, fato que ratifica a ciência de que os bens desviados do acervo público estavam no exterior, contrariando as afirmações dos investigados de que os bens estariam no acervo do ex-presidente Jair Bolsonaro, localizado na denominada Fazenda Piquet, em Brasília”, disse a Polícia Federal.
Indiciados
Em julho de 2024, a Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e auxiliares dele por vendas ilegais de joias presenteadas por autoridades internacionais.
Além de Bolsonaro, foram indiciados o ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o ex-chefe de gabinete do Ministério de Minas e Energia José Roberto Bueno, o ex-secretário da Receita Federal Julio Cesar Vieira Gomes, o capitão Marcelo Vieira, ex-chefe de gabinete de documentação histórica da Presidência, e Marcos André Soeiro, ex-assessor de Bento Albuquerque. Esses foram indiciados por peculato.
Em agosto de 2023, a Polícia Federal fez uma operação de combate a crimes de peculato e lavagem de dinheiro ligados ao caso das joias. Os investigados são suspeitos de ter vendido joias e presentes oficiais ganhos.
Segundo a PF, eles teriam utilizado “a estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado, por meio da venda desses itens no exterior”.
As quantias obtidas com essas operações, segundo a investigação, “ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados por meio de pessoas interpostas e sem usar o sistema bancário formal, para ocultar a origem, a localização e a propriedade dos valores”. A Polícia Federal não informou o lucro que os suspeitos teriam obtido com a venda das joias e dos presentes.