Por: Ricardo Rogers/ DRT 1607-MT
Quem observa o Estado de Goiás nos últimos anos enxerga uma polícia bem equipada, salários dignos e uma notável redução nos índices criminais. O governador Ronaldo Caiado, ao proclamar seu famoso bordão “Ou bandido muda de vida ou muda de Estado“, talvez não imaginasse que Aragarças também faz parte de Goiás. A realidade desta cidade, encravada na divisa com Mato Grosso, mostra um contraste gritante em relação ao discurso oficial.
Este pequeno jornalista que vos escreve acompanha há duas décadas as atividades policiais de Aragarças. Durante esse tempo, diversas autoridades competentes passaram pela cidade e enfrentaram o crime com bravura. Nomes como a delegada Dra. Azuen Albarello, que frequentemente realizava operações conjuntas com o CORE/GT3 no combate à criminalidade, e a ex-promotora de justiça Wânia Marçal Medeiros, que sempre se mostrou implacável contra o crime organizado (principalmente contra a milícia), marcaram suas passagens pela cidade. Atualmente, o delegado Fábio Marques tem se destacado pelo rigor no combate à corrupção do chamado “colarinho branco”.
No entanto, ao analisarmos a atuação da segurança pública na região, percebemos um abismo entre Aragarças e sua vizinha Barra do Garças. Enquanto em Barra ocorrem rotineiramente operações de “tolerância zero” contra facções criminosas e tráfico de drogas, Aragarças parece esquecida pelo Estado.
Basta um passeio noturno pela Avenida Ministro João Alberto, nas proximidades da rodoviária, para notar o problema crônico da cidade. Ali, grupos se aglomeram e abordam transeuntes; quando uma viatura da polícia passa, eles se dispersam, mas logo retornam.
A discrepância estrutural entre as cidades vizinhas é gritante. Enquanto Barra do Garças conta com mais de cinco delegacias e um efetivo superior a 200 agentes, entre investigadores, escrivães e delegados, Aragarças sobrevive com uma única delegacia, um número reduzido de policiais e uma infraestrutura mínima. Combater a criminalidade por aqui é uma tarefa hercúlea. Goiás pode até se orgulhar de sua segurança pública, mas o padrão de excelência propagandeado pelo governo parece não alcançar Aragarças.
Cadê a Ação Social Municipal?
E não é apenas na segurança que a cidade sofre com o abandono. A assistência social, que deveria acolher moradores de rua, dependentes químicos e cidadãos em situação de vulnerabilidade, simplesmente fecha os olhos para a realidade Aragarcense. O prefeito reeleito, que outrora promovia operações midiáticas e até indiciava agentes penitenciários com base apenas em narrativas, hoje administra uma cidade sufocada pelo crime e pelo descaso social. Sua gestão, ao invés de olhar para os problemas reais, parece mais preocupada em conquistar curtidas e visualizações em suas redes sociais.
Enquanto isso, a população se pergunta: será que um dia Aragarças terá o tão propalado “selo Goiás” de padrão de qualidade? Ou continuará sendo uma cidade invisível aos olhos do Estado?
Hoo Aragarças! Quanto te quero bem!