Por: Ricardo Rogers/ DRT 1607-MT
Em pleno século XXI, enquanto o mundo clama por ações sustentáveis e preservação ambiental, Aragarças-GO protagoniza mais um capítulo de um retrocesso crônico e lamentável.
Na manhã desta sexta-feira (09), um vídeo viralizou nas redes sociais, mostrando o vereador Júnior do Saião colocando o próprio corpo entre um trator da prefeitura e a natureza — literalmente — para tentar frear a destruição da Praia Quarto Crescente, um dos últimos redutos naturais da cidade.
As imagens mostram um maquinário público operando sobre a faixa de areia da praia, tampando uma erosão provocada pelo rompimento de uma manilha de água pluvial. Até aí, tudo bem. A questão é quem autorizou a intervenção, onde está o responsável técnico, e por que um trator estava, ao mesmo tempo, promovendo uma “limpeza” de vegetação nativa a apenas 20 metros do Rio Araguaia, corpo hídrico protegido por lei federal como Área de Preservação Permanente (APP).
O “tratoraço”, como já vem sendo chamado, não é um episódio isolado. Ano após ano foi a mesma coisa.
Ainda nesta sexta-feira, os vereadores Júnior do Saião e Ana Paula Paulino compareceram à promotoria cível da cidade para formalizar a denúncia junto ao Ministério Público Estadual. A ação, segundo os parlamentares, é uma tentativa de romper com o ciclo de omissão institucional que já se tornou cúmplice da degradação do Rio Araguaia.
O mais grave, contudo, é o total desprezo pelo processo legal de manejo ambiental. Nenhum Estudo de Impacto Ambiental (EIA), nenhum Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (RIMA), nenhuma audiência pública, e sequer um plano de manejo foram apresentados ao público ou aos órgãos de fiscalização. Tudo parece feito na base do improviso, da tradição destrutiva.
O Ministério Público tem agora a oportunidade de mostrar que a lei ambiental vale para todos — inclusive para os gestores públicos.
Que Deus tenha misericórdia de Aragarças