Por: Ricardo Rogers
Em tempos onde as nações mais parecem peças de um xadrez geopolítico, o Brasil se vê diante de um movimento que exige sabedoria digna de mestres construtores: o tarifaço de 50% imposto pelo governo norte-americano sob a égide de Donald Trump. Uma retaliação disfarçada de nacionalismo econômico que, mais que atingir o comércio, testa os pilares da diplomacia brasileira e sua capacidade de resposta estratégica.
Nos bastidores do poder, discute-se agora a aplicação da lei da reciprocidade, como forma de devolver, na mesma medida, a dureza tarifária. Mas aqui é preciso fazer uma pausa. A história nos ensina, a reação desproporcional ou movida pela vaidade jamais edifica uma obra duradoura.
A liberdade de expressão, por sua vez, entra como elemento vital neste tabuleiro. É nos momentos de tensão internacional que os discursos se inflamam, as vozes se dividem, e a imprensa se torna campo de batalha ideológica. Cercear essa liberdade em nome de “unidade nacional” ou “segurança diplomática” é o primeiro passo rumo ao obscurantismo. Onde falta luz, reina o caos.
Agora, vejamos as consequências do isolacionismo. Caso o Brasil opte por retaliar e se afastar dos EUA, perde não só acesso a mercados e tecnologia, mas também o poder de voz num cenário global onde alianças são cada vez mais dinâmicas. O comércio recua, a confiança do investidor evapora.
Por outro lado, se Lula mantiver o caminho da reciprocidade como princípio e não como revanche, talvez haja espaço para uma resposta equilibrada, simbólica, que preserve a soberania sem romper pontes. A diplomacia é a arte de medir, nivelar e ajustar.
No final, não se trata apenas de tarifas ou tratados, mas da permanência dos nossos ideais como nação livre, soberana e justa.