Elahere (mirvetuximabe soravtansina), um tratamento inovador, oferece esperança a pacientes que não respondem mais à terapia à base de platina
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou na última segunda-feira (1º de setembro de 2025) o registro do mirvetuximabe soravtansina, comercializado como Elahere, o primeiro tratamento direcionado a pacientes com câncer de ovário que apresentam resistência à quimioterapia com platina .
Um avanço significativo no tratamento oncológico
Estudos clínicos de fase 3, apresentados na ASCO (Sociedade Americana de Oncologia Clínica) e publicados no New England Journal of Medicine, revelaram resultados promissores:
Redução de 35% no risco de progressão da doença, comparado à terapia convencional ;
Aumento da sobrevida global média para cerca de 16,5 meses, contra aproximadamente 12,7 meses com quimioterapia tradicional ;
Taxa de resposta tumoral de 42%, frente a 16% no grupo tratado com quimioterapia .
Este avanço representa uma importante inovação para pacientes cujo câncer de ovário voltou ou persistiu menos de seis meses após o tratamento inicial com platina .
Como funciona o tratamento
Trata-se de um conjugado anticorpo‑fármaco (ADC). O medicamento combina um anticorpo que se liga especificamente ao receptor alfa de folato (FRα) — encontrado em cerca de 30% a 70% dos tumores de ovário — com uma droga quimioterápica que é liberada diretamente no tumor, funcionando como um “cavalo de Troia” para atacar as células cancerosas .
O impacto para pacientes no Brasil
Segundo dados do INCA, cerca de 7.300 novas brasileiras seriam diagnosticadas com câncer de ovário em 2025 . A maioria desses casos é detectada em estágio avançado, o que torna a doença uma das mais letais entre os tumores ginecológicos.
O Elahere chega ao país após mais de oito anos sem novas opções terapêuticas para esse perfil de pacientes . A AbbVie, fabricante do medicamento, ainda não detalhou o preço do tratamento no Brasil. No exterior, cada ciclo pode chegar a US$ 18 mil, cerca de R$ 98 mil .
Questões como a inclusão do Elahere no rol da ANS (planos de saúde) ou no SUS ainda estão em aberto .
Especialistas comemoram o avanço
Fernando Mos, diretor médico da AbbVie no Brasil, destacou que esse é um marco para a medicina de precisão, oferecendo uma nova alternativa para uma das formas mais desafiadoras de câncer de ovário .
A ginecologista e vice-presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA), Dra. Graziela Dal Molin, explica: “Esse medicamento pode ajudar a controlar a doença e aumentar tanto a expectativa quanto a qualidade de vida das mulheres que convivem com essa condição” .